Amanhã é meu aniversário de 27 anos. Estou apático. Sou muito 8 ou 80 e não sei como mudar isso. Me sinto como um viciado, desde sempre. Tive uma infância difícil, com família desestrutura, vícios em drogas e bebidas e violência física e psicológica. Não culpo meus pais, pois hoje sei o quanto é difícil ser um adulto responsável e funcional. O fato é que isso me levou a ser muito tímido, sem auto confiança. Meus pais são separados desde que eu tinha uns dois anos de idade. A primeira infância passei com minha mãe, sou o filho mais velho dela. Ela ainda teve mais uma filha com meu pai que ficou vivendo com ele desde pequena. Depois meus pais seguiram em casamentos diferentes, mais de um casamento para os dois. No fim, tenho 10 irmãos. Minha mãe era viciado em crack e eu como filho mais velho até os 8 ou 9 anos não havia bem se quer terminado o primeiro ano, vivia me mudando de cidade. Pedia comida e dinheiro na rua para o sustento do vício e das minhas duas irmãs mais novas, essas por parte só da minha mãe. Depois fui morar com meu pai. Um homem muito sério e duro, teve uma mt difícil desde cedo tbm. Meu pai não deixava eu e minha irmã sair, essa por parte de pai e mãe. Tínhamos tempo cronometrado para ir e para chegar da escola. Muito muito raramente podíamos brincar com amigos da escola e vizinhos. Meu pai era rígido, não deixava faltar comida, mas cobrava nossa parte. Nos meus 10 anos nasceu outro irmão, filho de meu pai e minha madrasta. E eu minha irmã éramos responsáveis por cuidar do meu irmão e da casa para nossos pais trabalharem. Minha madrasta 13 anos mais nova que meu pai, não gostava mt de mim e minha irmã, principalmente da minha irmã. Eu era um ótimo aluno desde sempre, com as melhores notas, nunca ficava em recuperação. Tinha mts amigos na escola, mas era tímido e sem auto confiança nos esportes e com as meninas, isso segue até hoje. Como era bom aluno e não respondia eu sofria um pouco menos que minha irmã, ela batia de frente com minha madrasta e sofria abusos psicológicos também. Meu pai para não brigar ficava quase sempre do lado da minha madrasta. Éramos xingados quando não recolhiamos a roupa ou quando esqueciamos de tirar a carne pra descongelar, quando variamos mau a casa. Minha madrasta dizia muitos palavrões "Satanás, capeta, inferno. Vocês nunca vão ser nada, preguiçosos, só em pensam em si próprio, não fazem nd direito". Meu pai dizia "Eu faço tudo por vcs e vcs não querem ajudar, não posso contar com vcs para nd, minha vontade é sumir, eu não como em restaurante, não faço nada sozinho, pensando em vocês e vocês não pensam em nós". Meu pai fazia muitas festas em família, carne assada, bebida e como descobri depois, cocaína. Nessas festas que duravam as vezes dias de bebedeira, sempre terminavam em brigas. Violência física, por ciúmes, algum mau entendido. Seja meu pai agredindo minha madrasta, ou algum tio bêbado agredindo a esposa, as vezes entre os homens mesmo. Meu pai espancava minha madrasta muitas vezes, foram anos assim. Eu não conseguia para lo, tentei poucas vezes, depois só me escondia com medo. Ele virava outra pessoa quando explodia. Levando essa vida eu fiquei viciado em vídeo games, ainda era bom aluno, mas conheci meu primeiro vício. Na adolescência, pelos 15 anos mais ou menos. Comecei a beber com os amigos da escola, agora estudava mais longe de casa e já não era mais tão controlado o tempo. Substituí o vício por beber e fumar maconha, para socializar, hoje bebo menos, mas o vício em fumar maconha segue. Experimentei outras substâncias aos 18 quando ja estava formado no ensino médio. Festas, bebedeiras seguiram quando ganhei uma bolsa de 100% na faculdade de jornalismo. Eu nao conseguia ficar sozinho nessa época, sempre estava saindo quase tds os dias da semana, aprooveitei pouco dos 3 anos que estive na faculdade porque nunca estava presente, seja fisicamente ou mentalmente. Entrei em relacionamento, com uma caloura da faculdade, passamos quase 4 anos juntos, então foram muitos momentos de altos e baixos, moramos juntos na casa da minha sogra, moramos solos, e moramos tambem na casa do meu pai. Eu tambem não era presente no relacionamento e minha falta de comprometimento com trabalho, ficava pouquíssimo tempo de trabalho em trabalho, tinha crises de ansiedade e era revoltado com o sistema. Esses motivos e minha inconstância é fato de objetivos claros levaram ao fim do relacionamento. No tempo que estive no relacionamento eu larguei a faculdade e também levei um grande baque, quando fiz 20 anos minha mãe, com quem tive pouquíssimo contato faleceu de câncer, com apenas 37 anos. Esse assunto ainda me dói, queria ter falado que a amava e a compreendia, que eu a perdoei. Já fazem 6 anos que ela partiu, então eu ja lido melhor. Depois de solteiro, ja me sustentado, morando sozinho. Trabalhava de madrugada numa lanchonete, tinha péssimos hábitos de alimentação e sono, ja tonha conquistado algumas coisas, mas ainda me sentia sem propósito. Depois de 2 anos assim, veio uma grande mudança. Meu pai que é bom pedreiro ha anos, teve uma oportunidade em 2022 de trabalhar em Portugal, e me ofereceu. "O patrão paga sua passagem e depois desconta o valor parcelado do seu salário". Vendi tudo que eu tinha, pela segunda vez (a primeira foi na separação) e fui. Eu não podia recusar, sempre tive vontade de conhecer novos lugares e quem sabe eu pudesse me encontrar. Depois de um ano meu pai voltou para Brasil e fiquei sozinho em Portugal, com o sonho de conseguir minha dupla cidadania por tempo de contribuição. Vivi dois anos em Portugal, conquistei alguns bens e certo conforto, mas ainda me sentindo sem um propósito. Vendi tudo e agora com documentação fui para Bélgica, no inverno, grande erro. Dois meses na Bélgica. aprendi um pouco de Frances, idioma da zona que vivi na Bélgica, mas o clima era mt depressivo, sempre nublado e apesar de gostar do frio, trabalhar em ambiente aberto, na obra com temperaturas negativas, nao foi fácil. Resolvi voltar a Portugal, onde já tinha feitos alguns amigos e ja tinha algum conforto. Nesse tempo aprendi a lidar com a solidão, longe dos amigos e família, aprendi que a gente evolui muito quando esta sozinho e pode focar. Me tornei mais responsável no trabalho, apesar de as vezes ainda ter crises. Fiz alguns meses de terapia e aprendi a controlar as crises. Ganhei muita autoconfiança em muitos aspectos, mas ainda me sinto perdido, sempre me frustro com algum novo vício/obsessão. Esses meus vícios, que mais parece uma compulsão vivem mudando, pessoa, hábito, substância, não consigo me sentir pleno sem estar obcecado por algo pra preencher uma sensação de vazio. Hoje em dia as compulsoes me distraem, mas eu sigo depressivo por toda a vida desde que me recordo, é cada vez mais difícil distrair, estar presente e aproveitar qualquer momento de diversão. Hoje sei que a solução não está em ter um amor, tive poucas relações, e entendi que não posso depositar a responsabilidade de me fazer feliz em outra pessoa. Tampouco mudar de lugar é a solução, meus problemas sempre vêm comigo. Não consigo lembrar de nenhuma época onde eu fui feliz sem envolver algum vício. Há mais de um ano tenho estudado espiritualidade, aos poucos praticado autoconhecimento. Ajudou muito, mas não é minha solução ainda. Não sei mais o que fazer da vida, para conseguir focar por tempo suficiente em algo e me tornar bom, tonar aquilo meu propósito, não consigo só existir, por mais que as coisas estejam indo bem, vem uma sensação de que não estou contribuindo o suficiente. Para finalizar, já tive inúmeros hobbies e campos de estudo, fotografia, corrida, nutrição, psicologia, filosofia, mas só minha paixão pela música, que me segue. Nenhum desses hobbies desenvolveu a ponto de se tornar um meio de me sustentar. Já inciei cursos, com professores de violão, mas não consigo evoluir na música porquê não consigo ter constância nos estudos, não consigo focar e manter. Tenho pensado que essa é minha natureza, talvez? Triste, frustrado/incomodado, inquieto, chato! Voltar ao Brasil não é solução, ir pra outro país também não. Sei que o que eu quero, as respostas que preciso, não estão lá nem em nenhum outro lugar, a resposta tá aqui dentro.... ondeeee? Admito que já passou pela minha cabeça que a única solução possa ser o suicídio, mas definitivamente não é o que eu quero. Afinal de contas não sei o que quero.
[link] [comments]